
Rafael, pedem que escrevas alguns versos.
Escreve-os, então, para epitáfio do poeta Amon.
Podes muito bem compô-lo. Algo polido, de bom-tom.
És o mais indicado. Escreve-os de tal modo
que quadrem ao poeta: Amon foi um dos nossos.
Dos seus poemas decerto hás de falar -
mas também da sua beleza singular,
a sua delicada beleza que amávamos.
Sempre belo e musical é o teu grego. Todavia,
faz-se mister tua inteira artesania desta vez.
Soe em língua estrangeira a nossa dor, o nosso amor.
Transfunde em língua estrangeira o teu sentimento egípcio.
Rafael, escreve os versos de tal modo
que eles tenham, sabes, de nossa vida um pouco,
que o ritmo, que cada frase, façam supor
que sobre alexandrino escreve um alexandrino.
[Trad. JPP]
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